VM: É o primeiro candidato anunciado para as autárquicas em Peniche em 2017. Como encara este voto de confiança por parte do seu partido?
Filipe Sales: É uma enorme responsabilidade que encaro com grande entusiasmo. Estamos no terreno há muito tempo, a conhecer a realidade do concelho, a falar com empresários, comerciantes e associações. E sentimos diariamente que as pessoas querem mudança e que ficam motivadas com as nossas ideias e o nosso dinamismo.
Filipe Sales: Estaria a mentir se dissesse que não há um preconceito de algumas pessoas com a idade. Mas é um preconceito que felizmente não resiste à reflexão e ao conhecimento do nosso trabalho. Há pelo país fora excelentes exemplos de autarcas jovens que com a garra própria da juventude transformam os seus concelhos. Estou confiante no resultado da análise séria das nossas propostas e da nossa forma de estar na política. Não sou candidato contra ninguém. Temos o nosso projecto, a nossa visão sobre como as coisas devem ser e sobretudo este ânimo que é próprio dos jovens. E estamos convictos de que podemos fazer a diferença.
VM: Como avalia as reacções à sua candidatura?
Filipe Sales: Devo dizer que me têm surpreendido. As pessoas têm, em geral, muito pudor em dar a cara em qualquer coisa que se relacione com política. Uns por medo de represálias, outros por terem uma ideia distorcida daquilo que se faz na política e nos partidos. É muito encorajador quando sentimos que as pessoas - dos mais velhos aos mais novos - reconhecem o nosso trabalho e nos vêem como a alternativa ao actual estado de coisas.
VM: O tempo como vereador foi importante para se afirmar como candidato à Câmara Municipal?
Filipe Sales: Claro. Estou na Câmara Municipal como vereador desde Janeiro de 2014. Tenho hoje um conhecimento da realidade e do funcionamento da autarquia que não tinha antes, mesmo tendo estado antes na Assembleia Municipal entre 2009 e 2013. A Cristina Leitão e eu fizemos uma oposição firme, coerente e construtiva, sempre do lado da solução mas sem deixar de denunciar situações que considerámos erradas. E fizemos questão de prestar contas da nossa acção, publicando e enviando as nossas informações ao munícipe.
VM: Na sua opinião, quais são os principais problemas do nosso concelho?
Filipe Sales: A falta de investimento e de emprego, a saída forçada dos jovens, a falta de organização do município com consequências no serviço prestado, mas sobretudo a falta de diálogo entre a Câmara e as pessoas. Devemos partir de uma premissa: todos os presidentes fizeram coisas positivas e coisas erradas. Ninguém é perfeito, mas cada um tem o seu tempo. A verdade é que o tempo do António José Correia fica marcado pela frustração de expectativas. Há uma divulgação de Peniche enquanto destino turístico ligado ao surf, que deve ser continuada e melhorada. Mas tudo o resto ficou por fazer e as deixámos escapar muitas oportunidades, em especial por falta de organização e de estratégia.
VM: Qual o objectivo da Campanha Participativa que o PSD lançou?
Filipe Sales: Estamos num tempo novo em que os autarcas não podem estar de costas voltadas para a população. Há coisas que só mudam se as pessoas estiverem mobilizadas para mudar. Daí o lema que escolhemos que é Mobilizar Peniche e daí este apelo à participação, com contributos que iremos certamente integrar no nosso programa. É uma iniciativa coerente com o que defendemos na Câmara, onde fomos os primeiros a lutar pela criação do Orçamento Participativo e coerente com as nossas idas ao terreno.
Por outro lado, esta ideia de mobilização será essencial à nossa acção depois das eleições. Sabemos que é impossível a Câmara Municipal fazer tudo. Mas se se aliar às associações e instituições sociais que temos no concelho, o resultado será melhor para todos. É essencial acabar com a burocratização que esta Câmara criou para as associações e que apenas dificulta a sua acção.
VM: Embora não seja ainda tempo de divulgar programas eleitorais, quais as principais linhas que orientam a sua candidatura?
Filipe Sales: É fundamental colocar as pessoas e as famílias de Peniche no centro das prioridades da autarquia. Como é que isso se faz? Temos de valorizar o nosso território, para criar condições e qualidade de vida, temos de dinamizar a economia para criar emprego e temos de garantir que ninguém fica para trás e que todos têm futuro, dando condições de Educação e de Saúde e garantindo apoio aos mais necessitados.
Vou concretizar: temos condições naturais únicas, uma gastronomia extraordinária, incrível património arquitectónico e geológico. Isto é a matéria prima. Cabe à autarquia valorizar este potencial: construir ciclovias e espaços pedonais, melhorar as condições das praias, melhorar o espaço público, aproveitar o potencial ambiental e desportivo da Barragem de São Domingos e do Planalto das Cezaredas, divulgar os nossos produtos de excelência e recuperar e divulgar o nosso património.
Por outro lado, temos de dinamizar a economia. Temos de ir à procura de investidores e temos de melhorar a nossa atractividade. Temos duas áreas de excelência: a zona portuária e a zona industrial do Vale do Grou. E temos de apostar numa ligação eficaz entre as Universidades e em especial a ESTM e as empresas, com projectos que se possam concretizar e gerar valor, gerar emprego. Temos de apostar nos nossos empresários, ajudá-los em tudo o que necessitarem, em vez de criar obstáculos. Fomos a empresas, algumas de muito sucesso, que nunca tinham sido sequer contactadas pelo Presidente da Câmara! Como é que se pode apoiar os empresários sem sequer os conhecer?
VM: Quais são os seus objectivos para o nosso concelho?
Filipe Sales: O meu objectivo é que ninguém seja forçado a sair de Peniche, que haja oportunidades de emprego e que os nossos filhos tenham futuro, que os mais velhos tenham uma velhice descansada e com qualidade de vida. E as pessoas podem contar comigo para fazer uma defesa intransigente dos interesses do nosso concelho, junto de qualquer Governo ou entidade.