Valorizar o que é nosso
A realização de um grande evento gastronómico, diferenciador e de qualidade, é possível e é desejável. Valorizará não apenas o destino, mas o que cá se produz. Associá-lo à agenda cultural de Peniche trará certamente ganhos económicos mas trará sobretudo um renovado brio no que nos distingue!

Peniche tem muito de que nos podemos e devemos orgulhar. Temos algumas das mais espectaculares praias de Portugal, com as ondas que atraem milhares de turistas. Temos riquezas por explorar, como a Barragem de S. Domingos e um recorte costeiro inspirador. Mas temos também o melhor peixe do País e uma oferta gastronómica excepcional.
Os noticiários mostram-nos, de Norte a Sul, exemplos de festivais que potenciam a economia e promovem os produtos locais, atraindo milhares de visitantes: o 'Festival da Sardinha' em Portimão, o 'da Caldeirada' em Setúbal, o 'do Perceve' em Vila do Bispo ou até o 'da Abóbora' na Lourinhã, entre muitos, muitos outros.
Em Peniche tivemos, ao longo do tempo, a 'Feira do Mar', o 'Festival da Sardinha' e o 'Sabores do Mar'. Os Presidentes Luiz de Almeida, João Augusto Barradas e Jorge Gonçalves apostaram - e bem - em diferentes formatos, cada um com o seu mérito e a sua durabilidade.
Esta associação dos produtos à sua origem tem ganhos evidentes. Para além da mobilização de grande parte da comunidade e do sentimento de orgulho nos seus produtos, é acrescentado valor aos produtos e à economia.
Temos muitos pratos identitários da nossa terra: a sardinha assada, a caldeirada, o sequinho, o peixe-seco, o alfaquique frito ou, na doçaria, os 'Esses de Peniche' e os 'Pastéis de Peniche'. Será que podemos desperdiçar a enorme oportunidade de transformar esta riqueza imensa em factor de atractividade e diferenciação?
O pescado capturado ao largo da nossa costa, com as características que o diferenciam, assim como os produtos hortícolas do concelho, que graças ao clima e características dos solos geram produtos de qualidade reconhecida, são apenas dois exemplos do que é possível valorizar em 'bruto'.
Sem qualquer menosprezo pela promoção de Peniche como destino para a prática de surf iniciada por António José Correia, que é uma estratégia certa e que deve ser continuada, há que olhar para além disso e ousar ser mais ambicioso, mais completo e mais diversificado.
A realização de um grande evento gastronómico, diferenciador e de qualidade, é possível e é desejável. Valorizará não apenas o destino, mas o que cá se produz. Associá-lo à agenda cultural de Peniche trará certamente ganhos económicos mas trará sobretudo um renovado brio no que nos distingue!
Peniche tem um potencial enorme como um destino cosmopolita e atractivo, associando as diferentes riquezas que temos ao nosso dispor. Para uma estratégia de conjunto é fundamental estar disponível para ouvir e aceitar opiniões alheias, para aprender e para trabalhar com os outros, construindo, com a comunidade, um futuro melhor para todos.
A mobilização em torno de uma iniciativa deste género é claramente possível. As festas do concelho são exemplo disso mesmo. Valorizando os nossos produtos, orgulhando-nos daquilo que fazemos bem, seremos muito mais do que aquilo que hoje somos. As pessoas da nossa terra têm uma noção cada vez mais clara de que o futuro de Peniche está nas suas mãos. E está mesmo.
Filipe de Matos Sales
Vereador do PSD na Câmara Municipal